Hoje a convidada é uma menina com uns contos fantásticos, emociono-me a ler alguns.
O blogue Gesto olhar e sorriso, para além do nome que acho maravilhoso, tem textos que vale a pena ler. O texto de hoje é uma boa amostra da qualidade da escrita da autora, Obrigada Carolina, adorei.
“Por entre a multidão, naquele concerto, um ao outro, destacaram-se como que numa luz infinita.
Quando se conheceram houve algo no olhar de ambos que prometera mutuamente: “hei de te conhecer melhor que ninguém, não vais largar mais a minha mão quando eu responder a esse ato de as entrelaçar, a minha na tua.”
Perfeito, dito e feito.
Tornaram-se unha com carne, amigos inseparáveis, não precisavam expressar palavras para falarem, o silêncio dizia tudo o que era preciso pois os sorrisos e os olhares eram mais especiais que todo o mundo à volta.
Secretamente e timidamente amavam-se, mas nenhum deles conversava sobre isso, a ligação que tinham era forte demais para se perder.
Corriam pela areia como crianças que confrontam o infinito correndo livremente pela rua. Nos entretantos, entre risos e brincadeiras o beijo aconteceu e das gargalhadas nasceram as lágrimas puras, porque ambos sorriram em silêncio, como neles era tão natural, coisa que só eles sabiam explicar, no entanto era algo que não precisavam de o fazer.
Irmãos de sangue, melhores amigos, namorados se tornaram. O sabor cru e diferente de se amarem noutro prisma do amor trazia-lhe uma nova sabedoria, não tão díspar como a de outrora, mas era confuso, bom…
Ele amava-a perdidamente, ela tornava-se sexy mesmo desarrumada, cheia de borbulhas ou apenas com a camisola dele vestida, mas quando se vestia para sair conseguia ser ainda mais a mulher mais bonita do mundo. Com todos os seus defeitos, feitio casmurro e teimoso, ele era o melhor namorado do mundo, nunca confiara tanto em alguém como nele, sentia-se protegida e amada nos seus abraços.
Como poderia tudo isto mudar? Quando o amor passou a ser demais, a não caber no peito, quando o medo de perder quem se ama agarrava-se à desconfiança. Tinham igualmente medo de se perder mutuamente, discutiam, discordavam, choravam e entrelaçavam-se em abraços, até ao dia em que perceberam que não podiam dar cabo de tudo aquilo que tinham, que a amizade inicial era mais forte que o que mais tarde crescera.
Seguiram caminhos diferentes mas prometeram jamais criar distância entre eles, quem os amasse um dia mais tarde tinha de respeitar essa amizade que compreendia todo o amor existente na pele e no corpo. Talvez eles não soubessem que estavam destinados um ao outro, o medo de perder é o primeiro passo para a derrota, a vida sempre desvenda algo que está guardado para ser nosso. Por enquanto amavam-se nessa amizade de irmãos porque não é vergonha continuar a ser-se amigo de um ex-namorado, vergonha é apenas lembrar dos maus momentos quando se foi tão feliz.”