Sentada junto a um pequeno largo, onde é costume os miúdos jogarem, miúdos e graúdos por vezes.
Um mais pequeno chorava encostado ao muro, meti conversa com ele :
– Que se passa? porque choras tu?
Ele meio ranhoso, olhou-me fungou duas ou três vezes e responde :
– São os putos, não me deixam jogar, dizem que sou muito pequeno.
E era, mais pequeno pelo menos do que os que estavam a jogar, cheguei mais perto, e digo o óbvio :
– E és, e podem aleijar-te.
Ele olha-me com um olhar trocista, limpa o ranho ás mangas e diz muito rápido:
– Oh dona, eles não me deixam jogar porque sou melhor que eles, muito melhor, não é por terem medo de me aleijar.
– Ai és melhor? muito mesmo? e porque dizes isso?
– Eu sei que sou, e quando eu for um CR, eles vão querer ser meus amigos, mas eu não quero.
Eu sorri mediante aquela miniatura de gente com sonhos tão altos e respondi:
– Depois esqueces isso, os amigos são assim, de vez em quando zangam-se.
– Não, amigos apoiam-se, se fossem meus amigos deixavam-me jogar.
Foi-se embora, meio a fungar ainda.
Afinal estamos sempre aprender, até com uma criança de 6 anos.