Ainda não eram 8 da manhã, chego à praça, existe já burburinho na bancada do peixe.
Aproximo-me e vejo o porquê do alvoroço, duas peixeiras discutem o preço do carapau, uma vende mais barato que a outra e isso não pode ser, diz a outra.
Sigo para as bancadas da fruta e oiço duas amigas a comentarem a “peixeirada”.
-Eu bem te digo Arminda, foste parva, devolvias o carapau e compravas o mais barato.
– Oh Manuela, mas já estava pesado no saco e tudo, não vi o preço até tu dizeres.
– Eu sei porque aquela vende mais caro, sei muito bem, sustenta 2 filhos as noras e 5 netos, alguém tem de pagar.
– Manela não sejas má língua, os pobres moços não têm trabalho, e não têm culpa de terem filhos, têm de se entreter.
– Arminda tu és mas é parva, entretenham-se a amanhar peixe aqui, estão na cama até o meio dia. Que grande parva me saíste.
– Mas estás a chamar parva a quem? Oh Manela não me irrites mais.
– A ti claro, contribuis para o sustento destes marginais e não refilas, irritada estou eu, parvalhona, pagas e não bufas.
-O dinheiro é meu, faço o que quero, querem lá ver, o que tens tu com isso, vou para casa, não estou para te aturar.
– Vai vai, eu vou contigo, mas não me digas nada.
E vão as duas, a discutir praça afora, as duas peixeiras acertaram o preço igual, e reina a paz na peixaria.
Decido ir comprar carapaus.