O dia estava manhoso, sentada no banco do jardim, não aparentava mais de 60 anos.
Resumiu a vida a 5 minutos de conversa, e afinal tinha 72 anos.
Nova foi dada a um casal emigrante, era a faz tudo, até que um dia se perdeu de amores pelo marido da menina da casa, aquela que tinha a mesma idade mas nunca brincaram juntas, pois a A (chamemos assim) nunca brincou.
Um grande amor que se realizou quando o marido da menina a levou para uma outra casa, só dela, já não limpava, cuidava-se para estar bonita para quando ele viesse.
A casa que viveu durante 30 anos, a casa que criou os filhos, são 2, um médico e outro engenheiro.
O marido da menina já morreu, mas deixou-me bem, confidencia-me ela com um brilho no olhar.
Afinal a vida apresenta-se de forma cruel para alguns, a menina está numa cama, muito doente coitada, nunca foi saudável diz ela, e eu, aproveitei para ter uma vida decente, e tive.
Começou a chover, chuva miúda, disse-me adeus.
Fui para casa a pensar nas ironias da vida.