Paulo é um caso feliz, no meio do caos, da vida dura, acabou bem esta história e merece ser contada apesar de já ter uns anos.
O vício do álcool perturbou-lhe a memória. Não consegue situar o tempo. Não se lembra de datas. Também não se recorda de nomes. Faz um esforço.
Com 7 anos fugiu de casa, sem ninguém que o procurasse encontrou Ana, que foi “mãe” uma sem abrigo também e cega, aconchegou-o e comiam os dois, sandes ou bolos que os patrões das pastelarias davam a Paulo a criança. Ana morreu, Paulo voltou a ficar só.
Ao fim de uns anos a mãe procurou-o, não o podia levar para casa, pois o padrasto não deixava, prometeu à mãe que ia lutar.
Aos 14 anos nos Restauradores, juntou-se a um grupo que tinha como lema beber para esquecer, ele aderiu, e bebeu, bebeu durante 13 anos e nunca esqueceu.
De banho tomado nos balneários sempre que podia, roupas das associações, era um alvo fácil, para os companheiros que o viam como um pedinte de sucesso, fugiu.
O novo poiso, Santa Apolónia, lá fez amizades, andava de fato e gravata sempre, mas sempre bêbedo também.
Até que ficou muito doente, levado pela Comunidade Vida e Paz ficou internado 2 meses, fez uma desintoxicação e ficou na Comunidade, começou a viver, tinha onde dormir e comer, livre do vicio.
Mas numa pneumonia teve novo revés, diagnosticaram-lhe o vírus da sida. “Na rua, também havia mulheres e eu estive com elas.” Não se deu por vencido.
Conheceu Filipa numa acção de voluntariado e apaixonaram-se, casaram, vivem numa casa camarária e ele trabalha, são felizes.