É visto no bairro por quase todos, saco de plástico na mão, sujo, olhar distante e pede principalmente cigarros.
Quase todos o “conhecem”, todos sabem a história, e dizem, é assim a vida. Não tem mais de 50 anos.
Mais novo dizem, foi bem apessoado, era um dom ruan, conta quem o conheceu bem, mas um desgosto de amor e o vinho, fizeram dele um farrapo humano.
Os amigos de outrora afirmam, não teve cabeça, agora é o corpo que paga.
Peço a quem o conhece para me contar o que se passou.
Dizem-me com ar triste e olhos transparentes:
– Oh minha filha, conta-se rápido, trabalhava na extinta fábrica de chocolates, e era um pinga amor, oferecia uma caixa de chocolates e dois dedos de conversa e pronto, lá caia mais uma.
Até que um dia conheceu uma que nem com um caixote de chocolates o quis, começou a beber, perdeu emprego, casa e como não tinha família, foi por aí abaixo.
Afinal é tão fácil irmos por “aí abaixo”…